sábado, 11 de dezembro de 2010

Querido diário

[Muita gente me pergunta como eu consigo escrever para o Paciência Negativa e ainda trabalhar na minha tese de doutorado sem enlouquecer. Como ando ocupado com a pesquisa, resolvi postar uma entrada do meu diário de projeto – para demonstrar que, com um pouco de organização e força de vontade, é fácil preservar a sanidade mental e manter tudo andando. Que isso sirva de exemplo e encorajamento para os futuros mestres/doutores por aí.]

Querido diário,

Hoje será um dia atípico. A insônia das últimas noites não deu trégua – novamente dormi meros quarenta minutos de sono leve. Já os pesadelos – esses sim, não faltaram. Foi como das últimas vezes: Um elevador que subia, subia, subia e não parava nunca. Enquanto subia, ele diminuía de tamanho – e as paredes pareciam verter sangue ou algum tipo de fluído viscoso. Preto, no entanto – não era vermelho. Novamente, acordei assustado – o sentimento era o de que eu tinha protagonizado algo condenável e estava sendo consumido pela culpa. Provavelmente deve ser mera reação à pressão – o prazo para a entrega do artigo se aproxima e a falta de descanso tem me atrapalhadAll work and no play makes Fabio a dull boy All work and no play makes Fabio a dull boy All work and no play makes Fabio a dull boy All work and no play makes Fabio a dull boy All work and no play makes Fabio a dull boy All work and no play makes Fabio a dull boy All work and no play makes Fabio a dull boy All work and no play makes Fabio a dull boy.

De qualquer forma, meu psiquiatra diz que os sonhos são apenas isso – sonhos. A recorrência dos pesadelos com cadáveres dilacerados dos meus colegas e entes queridos também não são nada demais – apenas uma metáfWhat’s your favourite scary movie? e problemas cotidianos que eu preciso solucionar. Enquanto minha sensatez permanecer inabalada, não há motivo para alarde, reforça o doutor.

O trabalho flui bem – a prova do último Teorema de Fermat elucida claramente a questão sobre a distribuição de números primos entre I am not economically viable dois à trigésima oitava potência. Um problema a menos.

Aliás, isso me lembra que preciso visitar a sala do “chefe”. Meus últimos escritos provocaram uma reação peculiar no meu orientador: Ele insiste em se reunir comigo o mais rápido possível – e parecia preocupado, o pobre. Suponho que, novamente, não tenha compreendido minha expansão de Fourier que viabiliza a aplicação de funções de hash Chameleon sobre o protocolo. Pensando bem, não compreendo como ele podHERE’S JOHNNY! tão longe na hierarquia acadêmica, enquanto eu – muito mais preparado – não passo de um mero aluno de doutorado. A vida não é mesmo justa – alguém deveria acertar os ponteiros do relógio do mundo, eliminando o peso morto.

O cronograma para hoje é o seguinte: Primeiro, preciso preparar slides “a lá mobral” para explicar a expansão da transformada para o “chefe” – aquele inepto. Acredito que consiga concluir isso no meu horário de almoço. A seguir, preciso finalizar a revisão da prova de Wiles para incluí-la na tese. Esmiuçar os detalhes da magnífica produção matemática do americano é fundamental paraREDRUM REDRUM problema da parada. Mas antes disso, preciso levar de volta o machado à loja de ferragens – ainda não entendi porque a faxineira teria comprado tal ferramenta. E se não foi ela, quem teria sido? Eu me lembraria de alguma visita ter adentrado meu lar portando uma arma branca tão proeminente. Além disso, eu não tenho lareira em casa – todo mundo sabe. Estranho.

Por fim, não posso me atrasar para a reunião com os colegas de laboratório às quinze horas. O “chefe” fez questão de divulgar que eu tinha algumas notas a acrescentar à prova de Wiles, e todos parecem ansiosos pela minha apresentação. Eu estou bastante tranquilo – os resultados são sólidos e já se foi o tempo em que eu sofria de nervosMISERY CHASTAIN CANNOT BE DEAD! certo de que tudo correrá bem.

Ah sim – preciso também me lembrar de postar alguma coisa no blog. Minhas últimas descobertas têm me tomado todo o meu tempo, de forma que não consegui escrever nada próprio para hoje. Bem, talvez eu poste esta entrada do meu diário, que me parece relativSeven-six-two millimeter. Full metal jacket >:-D. É uma boa forma de demonstrar aos meus leitores que é sim possível executar um projeto de doutorado e, ao mesmo tempo, manter a sanidade e uma vida social saudável.

Bem, preciso preparar o material para a apresentação. Apontador laser, pincel atômico, noteboI'm Norma Bates!, machado, lonas plásticas… será que esqueci algo? Acho que isso é tudo.

10/12/2010


4 comentários:

  1. Tá! tá! é só um típico estresse, não vou trollar, te dar block ou unfollow. Amiga! amiga! :)

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  2. "é sim possível executar um projeto de doutorado e, ao mesmo tempo, manter a sanidade e uma vida social saudável."
    Of course, I can see...

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  3. Olha, li esse texto estava um tanto quanto dopada de anti alérgico ainda, então deu um nó nos meu neurônios que a hora que eu encontrar esse tal de Fermat ele vai ver só.
    Estresse? Que nada néam?? Té parece...

    Beijão, Edi

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  4. Elevador de sangue? precisa parar de assistir The Shining antes de dormir

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