Eu
tenho algo duro a compartilhar. É um fato desses tantos imutáveis,
que todo mundo odeia, dos quais todos reclamamos e sobre os quais
todos queremos evitar de pensar a respeito – mas ele continua lá,
como se fosse uma das principais engrenagens que movem o mundo. E
você, caro leitor, faz parte do mundo – vale lembrar. Preparado?
Tá, eu espero. Pronto? Então vamos lá.
Relacionamentos,
muitas vezes, não.
Dão. Certo.
Calma.
Respire
fundo, e tente não perde a fé na humanidade, no amor e nas coisas
belas por causa do que eu acabo de revelar – a coisa é assim
mesmo, sempre foi e sempre será. Não é niilismo – não sou eu
quem faz as regras. Pode parecer revoltante a princípio, uma espécie
de piadinha de mau-gosto de alguma criaturinha divina – eu sei, eu
sei. Mas a questão é que ninguém nunca ouviu falar de nenhuma
morte natural que tenha ocorrido graças ao término de um
casamento/namoro/união estável, por mais linda, exemplar e parecida
com os contos de fadas da Disney que esta fosse até o fatídico
acontecimento.
A
verdade científica por trás dos relacionamentos é que eles são
projetados,
quase todos, para não darem certo. Triste? Talvez. Mas a regra é
clara, e existe há mais tempo do que o conceito de “amor eterno”:
Da mesma forma que um bicho precisa morrer para que outro sobreviva,
um grande amor precisa ir para o saco para que outro(s) tenha(m) a
chance de existir. E mesmo esse grande amor que agora dá seus
últimos suspiros, um dia, surgiu do vácuo de um outro grande amor
que deixava de ser. Está acompanhando, leitor? Não é niilismo. É
realidade.
O
plano da Mãe Natureza é que você passe boa parte da sua curta
vidinha tentando encontrar a sua cara-metade – e falhando
miseravelmente. E aí, em um belo e ensolarado dia em que os
passarinhos cantam e as flores desabrocham, você acha que encontrou
AQUELA pessoa e tenta investir naquilo. E depois de um tempo, aquilo
acaba. E você sobrevive, aprende com os seus erros (e os do outro) e
se torna uma pessoa melhor – ou ao menos mais experiente – que só
faz chorar pelos cantos de forma imprestável por umas
horas/dias/meses/anos. E aí você supera mais uma desilusão amorosa
e retorna ao início deste parágrafo, em um ciclo quase infinito.
Sim, quase infinito – porque a Natureza sabe que, mesmo você
dizendo que nunca mais vai ser feliz, que nunca mais quer se envolver
daquele jeito com ninguém, e que nada daquilo é justo e tampouco
aceitável, você vai
tentar de novo. E sabe
também que tudo o que você diz no período de sofrimento e luto é
a mais pura balela, coisa de criança mimada que não sabe perder –
que é precisamente o que todos somos aos olhos de Mamãe Terra. É
só questão de tempo até que você pare de resmungar e retorne ao
“modo de procura” – não importa o quanto você choramingue e
diga que quer morrer.
Reflitamos:
Se um indivíduo monogâmico tradicional tiver N relacionamentos
durante a vida, pelo menos N-1 estarão fadados a fracassar em algum
momento antes que ele bata as botas. E em boa parte deles, em algum
momento, os envolvidos pensarão que aquele, aquele SIM, é para
sempre. Mas estatisticamente, a chance de se estar errado com uma
afirmação dessas é colossal. “Mas
não custa ter esperança, caro autor!”,
você protesta. Não, de fato não custa – e é até aconselhável
que você não embarque em uma canoa a dois achando que ela vai
afundar antes mesmo de partir. Mas acredito que também não custe
muito ter em mente que o mundo não é apenas um pano de fundo para
as suas vontades, e lembrar que tentativa e erro são a base do
desenvolvimento de qualquer espécie. E assim, chorar o leite
derramado quando o caldo entorna não é, a meu ver, nada mais do que
perda de tempo.
Seu amor foi embora? Bateu a porta atrás de si e deixou apenas um
fio de cabelo em seu paletó? Escreva uma canção sertaneja,
recomponha-se e bola pra
frente. Porque é assim
que as coisas são, desde que o mundo é mundo – e não é você
quem vai conseguir mudar o que se instaurou em anos de evolução.
Acredito
no amor verdadeiro – e naquela coisa toda do “que
seja eterno enquanto dure”
que todo mundo gosta de citar por aí. No entanto, acho importante
enfatizar o “enquanto
dure”. Não é
porque fulano não quis mais ficar com você/voltar para você, que
ele nunca te amou. Tampouco isso faz dele um
louco/cretino/babaca/mentirososalafrárioidiotacachorro. Talvez, e só
talvez, ele apenas esteja seguindo em frente após mais uma dessas
tantas tentativas falhas, e tentando ser feliz – coisa que você,
se já não estiver fazendo também, ainda fará. E também acredito
que quanto menos tempo passamos “odiando” nossa
ex-última-bolacha-do-pacote porque ele não quis continuar no nosso
pacote, mais tempo temos para dedicar à nossa própria busca pela
felicidade. Que é cheia de decepções e mágoas – é verdade. Mas
são justamente as decepções e mágoas que constroem o nosso
caráter.
Esse
foi o contrato que todos nós assinamos com o mundo quando resolvemos
passear por aqui. Aceitemos as entrelinhas.
Olha... é exatamente por isso que eu estou passando. (mas eu to do lado "que foi embora").
ResponderExcluirBeijos querido! Gostei de te ler!
=)
Eu li!
ResponderExcluirSó posso dizer que estou tentando.
Beijos, Edi
A gente só teoriza sobre o amor, quando não estamos amando, pois a via contrária é entorpecente. E, acredito eu, negócio de amor eterno, cara metade é invenção holywoodiana mesmo.
ResponderExcluirÉ...parece que eu conheço de perto essa historia. Alias, todos nós conhecemos e vivemos essa historia (nossa ou de nossos conhecidos). É a pura verdade, porque acredito eu, "rei morto, rei posto" doendo ou não.Indo embora ou sendo deixado para trás. E a teoria é linda, a realidade é dura e crua. Mas eu acredito no amor eterno "enquanto dure" e aproveito o máximo. Parabéns Fabio. Mais uma vez voce arrasa no texto. beijo
ResponderExcluirQue texto legal!
ResponderExcluirSem duvida a vida é cheia de idas e vindas e reviravoltas... bom pra pensar e aprender com os erros.
juro que penso muito sobre isso o tempo inteiro, e me imagino em uma vida sem ele, depois de ter passado tanto tempo com ele sempre por perto. Ás vezes, acredito que não conseguirei suportar a dor de um dia perdê-lo, sendo por fim de relação ou morte, mas a vida é assim e temos que encarar, seja em uma fase simples ou conturbada. Graças a Deus estou na fase "simples", mas a pouco, estava na fase "por um fio". Finalmente consegui conquistar o amor dele, digo AMOR MESMO, pois antes, era tudo apenas uma paixão.. mas a convivência nos ensinou a amar de verdade um ao outro, e HJ, estamos bem, felizes e sempre cúmplices. =***
ResponderExcluirbeijão meu amigo, nossas conversas ajudaram muito nas minhas decisões. Te adoro. Estela Haddad =*